Abrir seu próprio consultório é um sonho que traz junto um frio na barriga e a ansiedade de quem não entende, não gosta ou não está habituado ao envolvimento com obra. Por isso, quando chegar o momento algumas dicas devem ser observadas para garantir um final feliz.
A PRIMEIRA DICA e possivelmente a mais importante se chama PLANEJAMENTO. Brasileiro tem o mau hábito de fazer tudo sem planejamento e por conta. O resultado disso costuma ser a frustração de ter gastos além do esperado e o resultado inferior ao que foi sonhado.
Para evitar isso, faça o exercício de colocar no papel tudo o que você espera desse novo lugar: tamanho das salas e quantidade de consultórios; o que deve ter nele (equipamentos, tipo de mobiliário e tudo mais que vier à cabeça); custo com documentação e abertura de empresa (se for o caso); custo fixo mensal do novo negócio para avaliar a capacidade produtiva, as possibilidades de convênios e parcerias e a auto-suficência do negócio; em quanto tempo você espera estar trabalhando nesse novo local (o custo da sala não ocupada conta aqui); quais as especialidades atendidas e suas solicitações específicas e quanto de dinheiro você tem disponível ou “acha” que seria um limite para construção desse local.
Assim você começa a ter o esboço do seu planejamento e, a partir daí, definir as questões que envolvem tanto a reforma como também as questões comerciais do negócio (se vai ter sócio, se vai sublocar, se terá outras especialidades etc).
A SEGUNDA DICA é procurar um arquiteto que possa lhe dar a consultoria para avaliar seu planejamento e ajustá-lo à realidade de obra, dando contribuições valiosas sobre custos de materiais e fornecedores, qualidade e tipos de materiais, cronograma físico-financeiro com a distribuição das saídas de valor, tempo de projeto e de obra, entre outros.
Escolhido o profissional, ele poderá, no desenvolvimento do projeto criar o ambiente ideal para atender suas expectativas e transformar em realidade aquilo que você considera importante para o negócio, para transmitir a mensagem que a empresa quer passar.
O bacana dessa etapa é que ela pode ser feita em qualquer tempo, dando-lhe tempo para organizar-se financeiramente para a empreitada da obra e mesmo fracionando-se em sub-etapas.
A TERCEIRA DICA se refere à legislação específica para áreas de Odontologia. Para abrir seu consultório será necessário submeter o projeto arquitetônico para aprovação junto à Vigilância Sanitária Municipal.
Ela observará o atendimento dos condicionantes legais que determinam desde os tamanhos mínimos para cada ambiente, a necessidade de salas de Esterilização, Expurgo e DML (Depósito material limpeza), as formas definidas para descarte de materiais entre outros. Importante ressaltar que as demandas costumam ser diferentes para consultório com sala única de atendimento e para consultórios com mais de uma unidade.
Também deve ser observada a necessidade e uso dos aparelhos de Raio-x pois envolvem o envelopamento de paredes e aberturas com materiais protetivos assegurados por Laudo/ Projeto específico executado por físico e elevam o custo básico da obra.
A QUARTA DICA se refere à escolha dos materiais e outros aspectos técnicos do projeto tais como:
- a iluminação deve ser clara, sem ofuscamento ou sombras.
- os pisos e rodapés devem ser de materiais laváveis que resistam a produtos químicos. Lembrando que esses pisos serão limpos diariamente sofrendo com a abrasividade dos produtos à que estarão expostos. Uma sugestão são os porcelanatos foscos ou acetinados que tem um desempenho maior e melhor nesses locais. A marca Portobello produz um modelo “massa única sem polimento”* que possui rodapé com a mesma tonalidade e tem as características acima indicadas.
- ventilação: deve haver circulação e renovação de ar;
- no espaço clínico, não é permitido tapetes, plantas, aquários, sofás e brinquedos que possam constituir focos de insalubridade. As cortinas, caso sejam instaladas, não podem ser de tecido;
- os móveis e bancadas devem ser de materiais laváveis, não sendo permitido o uso de madeira natural.
- as cadeiras de atendimento vêm embaladas em pallets de madeira e a abertura delas é realizada pela própria empresa que vende e instala o produto, mantendo assim a garantia. Por isso, a dica é lembrar de deixar as portas de acesso aos consultórios com no mínimo 80cm de largura para garantir o acesso da cadeira para instalação e a acessibilidade em geral.
Agora que você leu nosso post, concentre-se na primeira dica e nos procure para que possamos auxiliar nas tomadas de decisão seguintes.
* Perlino Bianco.